Após ter participado da 1ª Conferência Missionária da Assembléia de Deus em Monte Alegre de Sergipe e conferir os relatórios sobre as atividades da Missão Reviver além fronteiras e o trabalho de ação social desenvolvido dentro do Estado, senti o desejo de conhecer de perto essa obra. A Conferência foi realizada no sábado, 21/08, e ao final desta, o Pr. Evando Marques anunciou que um grupo de jovens estaria escalado para dar apoio como voluntário no serviço social que seria realizado na comunidade quilombola Mocambo e na aldeia de índios Xokó, a única tribo indígena do Estado de Sergipe, ambos localizados no município de Porto da Folha-SE. Ao final do culto conversei com o Pastor que me convidou a acompanhar a caravana.
Saímos de Monte Alegre de Sergipe, às 8h30min em direção à comunidade Mocambo, que fica a aproximadamente 40 quilômetros da nossa cidade. O acesso à comunidade se dá por rodovia parcialmente asfaltada (atualmente em obras) e uma parte por estrada vicinal de piçarra. Após 30 minutos de viagem chegamos ao local.
A COMUNIDADE QUILOMBOLA MOCAMBO
Mocambo é uma comunidade rural localizada cerca de 150Km do litoral, seja da foz do rio São Francisco ou de Aracaju, capital do estado. Reconhecida como remanescente de quilombo, possui em torno de 150 (cento e cinquenta) famílias. A sua área é fronteiriça a área de ocupação dos Xocós (grupo de pouco mais de duzentas pessoas), existindo entre seus moradores e esses últimos, estreitos laços de parentesco, inclusive troca de dias de trabalho na terra e outras relações harmônicas. Dos inícios do século XVIII até os idos de 1807, a Missão de Porto da Folha foi administrada por Capuchinhos. Com a Lei de Terras (1850), as autoridades municipais propuseram a extinção dessa Missão, argumentando a inexistência de índios na região, sendo então, essas terras repartidas entre as famílias proprietárias vizinhas.
Quanto aos remanescentes quilombolas de Mocambo, foi exigido laudo antropológico, realizado entre 1995 e 1996, com reconhecimento em 1997 e titulação em 2000,
Foi devidamente reconhecida pelo Governo Federal, através da Fundação Cultural Palmares (Ministério da Cultura) em 14 de julho de 2000, coroando a luta de uma comunidade negra que ocupa a área há um par de séculos.
Fonte: GONÇALVES, Hortência de Abreu. Localização Geográfica e Origens Históricas e Culturais de Quilombolas de Sergipe.
PLANEJAMENTO DAS AÇÕES
Ao chegarmos ao Povoado, o Pr. Carlos Alberto, secretário estadual da SEMADESE reuniu os pastores e grupos voluntários na Escola Quilombola 27 de Maio II para revelar o planejamento das ações.
Estavam presentes, além de representantes da Missão Reviver, Semadese e Juventude Solidária Reviver, os Pastores José Aragão, do Campo de Porto da Folha-SE; Pr. Evando Marques, do Campo de Monte Alegre de Sergipe; Adenilson do Espírito Santo, do Campo de Glória-SE e Pr. Aguinaldo, do Campo de Carira-SE. Cada pastor trouxe um grupo de voluntários para dar apoio aos trabalhos.
Pr. Carlos Alberto dividiu o grupo em dois: um atenderia à comunidade Mocambo e outro, à aldeia indígena Xokó. Eu fiquei na comunidade quilombola. Os profissionais de saúde e voluntários designados para o trabalho na aldeia embarcaram nas famosas "tó-tó-tó" pelo Rio São Francisco, já esta fica em suas margens.
Em Mocambo, ficou definida assim definida a programação:
- Evangelismo pessoal: parte dos voluntários sairia pelo povoado evangelizando, com distribuição de folhetos e, ao mesmo, tempo informando aos moradores os serviços que seriam prestados e os locais onde seriam atendidos.
- Atendimento médico e odontológico: parte dos voluntários fariam o atendimento, preenchendo os formulários de atendimento e encaminhando as pessoas para os devidos locais - duas escolas escolas quilombolas da comunidade.
- Recreação: ficaram definidos dois lugares para entretenimento das crianças - o galpão central do povoado e um parque instalado num pequeno campo de futebol próximo ao colégio.
- Distribuição de Brinquedos: seria feita na parte da tarde no galpão central.
- Distribuição de Cestas Básicas: no galpão central, no período de encerramento do evento.
- Culto de Encerramento dos trabalhos: o local seria no galpão central, no encerramento do trabalho.
EVANGELISMO PESSOA
Acompanhei um dos grupos de evangelismo que saiu às ruas do povoado. O povo pareceu-me simpático, embora com reservas. As pessoas recebiam de bom grado os folhetos que entregávamos, bem como as informações repassadas. Entrei num bar, onde alguns senhores jogavam cartas e eles, prontamente, interromperam o jogo e deu atenção à mensagem repassada.
ATENDIMENTO MÉDICO E ODONTOLÓGICO A Missão Reviver, através dos profissionais de saúde, ofereceu serviços de consultas médicas na área de ginecologia, pediatria, clínica geral, fisioterapia, massoterapia e exames preventivos.
Apesar de, no início, a procura ser acanhada, logo as filas foram enchendo.
RECREAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE BRINQUEDOS PARA AS CRIANÇAS
No galpão central, voluntários de Aracaju, devidamente preparados, fizeram a alegria da criançada, ensinando corinhos, contando histórias bíblicas, além de brincadeiras e muita coreografia. No momento em que passei pra conferir o trabalho, pude sentir o entusiasmo dos pequeninos que participaram das atividades recreativas.
Próximo à Escola Quilombola 27 de Maio II, a Missão Reviver instalou um pequeno parque com "pula-pula" e um escorregador inflável.
No final da tarde, os voluntários distribuíram centenas de brinquedos para as crinaças do povoado.
CULTO DE ENCERRAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE CESTAS BÁSICAS
Perto do conclusão dos trabalhos, no final da tarde, os quilombolas dirigiram-se ao galpão central para participarem da solenidade de encerramento. A Juventude Solidária Reviver e os Pastores Evando e Aguinaldo participaram ativamente da solenidade.
O Pr. Evando fez a abertura do culto e, logo após, a juventude presente cantou um hino de louvor e adoração ao Senhor Jesus. Em seguida, o nobre pastor falou acerca da Palavra de Deus, do trabalho social desenvolvido pela Missão Reviver e sobre a visão social e missionária que Deus concedeu ao Rev. Virgínio de Carvalho Neto, presidente da CONEADESE e fundador da Reviver. Destacou ainda, que o movimento não tem carater político-partidário, mas é uma ação de responsabilidade social da Igreja Evangélica Assembléia de Deus no Estado de Sergipe.
Logo após, um representante da Juventude Solidária Reviver fez um resumo das ações do dia e destacou sua importância, além de reafirmar a natureza do evento como sendo uma ação cristã e não política-partidária.
Encerrado o culto, o caminhão baú que trouxera os alimentos encostou e, com a ajuda do vice-presidente da comunidade quilombola, a população, organizada em fila, recebeu as cestas básicas
MINHA IMPRESSÃO
Esse relato resulta da minha impressão do evento, portanto, não tive acesso aos dados estatísticos do atendimento. Por isso, a omissão de números. Creio que no momento e local apropriado, a Missão Reviver fará o relatório.
Confesso que saí dali feliz em ver um gesto genuinamente cristão. Não basta construirmos templos suntuosos, com comodidade para os membros, festas e eventos milionários e negligenciarmos a ação social. O apóstolo S. João escreveu: Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade (I Jo 3.18). Duas jovens voluntárias da nossa igreja comentou comigo: "Elian, ações sociais básicas são possíveis a qualquer igreja, basta nos dispormos a executá-las!" Isso é verdade: na igreja temos pessoas de várias classes sociais e profissionais de todas as áreas, que pode doar um dia do seu trabalho em favor do próximo - além de uma realização pessoal, teremos a certeza do dever cumprido.
Da minha parte, quero parabenizar ao Pr. Virgínio, à Missão Reviver, à SEMADESE, à Juventude Solidária Reviver, aos Profissionais de Saúde, aos Pastores do Sertão e a todos voluntários.
Essa obra agrada a Deus e não pode parar! Se você ainda não conhece a Missão Reviver, acesse o blog ou o site da SEMADESE ou, ainda, envie um email para semadese@gmail.com . Em sua cidade, entre em contato com o Secretário de Missões da Igreja Evangélica Assembléia de Deus e informe-se. Não deixe, no entanto, de orar e contribuir com essa missão, tornando-se um sócio.
O que é a Missão Reviver?
È um Projeto Missionário idealizado e desenvolvido pelo Pastor, Missionário e Psicoterapeuta Dr. Virgínio José de Carvalho Neto, que visa especificamente dar apoio espiritual e psicológico a todos os Missionários que servem ou já serviram na obra do Senhor Jesus em áreas de risco.
A Missão Reviver age de forma interdenominacional, alcançando todos aqueles que necessitam de apoio para o desenvolvimento e continuidade de seus trabalhos (missionário e pastoral).
Como nasceu a Missão Reviver?
Com a visão do Pastor e Missionário Virgínio José de Carvalho Neto, que saiu para o campo missionário em 1974 juntamente com sua esposa a Missionária Rosa Angélica Santos de Carvalho, enviados pela Igreja Evangélica “Assembléia de Deus” no Estado de Sergipe, onde ele é o presidente desde 1989. Nesses 29 anos de experiência, os primeiros 16 anos no exterior, pôde viver e sentir as dificuldades do campo missionário, servindo em áreas de riscos ou envolvidos em projetos de auxílios a população carente. Assim sentiu de Deus em fazer algo a mais pela missão em seu Estado, no Brasil e no mundo, mesmo sendo presidente de uma igreja missionária. Em 1º de janeiro de 2000, foi criada a Missão Reviver com projeto aprovado pela igreja e que agora é uma realidade.
Objetivo da Missão Reviver:
A Missão Reviver tem como objetivo principal a revitalização de missionários que servem em áreas de riscos
Forma de Atuação da Missão Reviver:
Em parceria com outras igrejas e instituições, identificamos as áreas e missionários carentes de nosso trabalho. Em contato inicial com as igrejas ou agências que os enviou, avaliamos a melhor forma de ajudá-los, podendo ser de três maneiras:
1º. Deslocamento do Missionário até as unidades de apoio da Missão Reviver.
2º. Visita e tratamento adequado para aqueles que não podem sair do seu país ou região.
3º. Encontro do Missionário com o membro da Missão em bases avançadas ou outras entidades com as quais tenhamos convênios.