INTRODUÇÃO: É bem-aventurado
quem, sendo tentado, permanece fiel a Deus, tornando-se, assim, digno de
receber a coroa da vida. Tiago declara. “Meus irmão, tende quando cairdes em varias
tentações” (Tg. 1.2). só este versículo seria suficiente para jogar por terra a
Teologia da Prosperidade e da confissão positiva. Antes de mergulharmos nas
verdades nele contida é preciso entender corretamente quando fala de “tentações
aqui”.
O QUE É A TENTAÇÃO
1. Conceito. Tentação
é “ato ou efeito de tentar; disposição de ânimo para a prática de coisas
diferentes ou censuráveis” (Dicionário Aurélio). Biblicamente, podemos dizer
que é o convite ao pecado.
2. 0
significado na epístola. Em Tiago, tentações têm o significado de
perseguições, lutas e provações pelas quais o crente pode passar.
ORIGEM DA TENTAÇÃO A tentação
tem 3 origens ou fontes:
1. Da parte da carne
a) Tentação
humana. A Bíblia nos diz que “não veio sobre vós tentação, senão humana”
(1 Co 10.13). Neste texto, podemos entender que “tentação humana” quer dizer a
que é própria da natureza carnal do homem (ver Rm 7.5-8; G15.13,19). Ela tem
seu aspecto mal, pernicioso, incitador ao pecado.
b) O
significado da carne. A carne, é o “centro dos desejos
pecaminosos” (Rm 13.14; Gl 5.16,24). Dela vem o pecado e suas paixões (Rm 7.5;
Gi 5.17-21). Na carne não habita coisa boa (Rm 7.18). Devemos salientar que o
termo carne, aqui, não se refere ao corpo, que não tem nada de mal em si mesmo,
mas à natureza carnal, herdada de nossos pais. O corpo do crente é templo do
Espírito Santo (1 Co 6.19,20).
2. Da parte do mundo O
mundo, como fonte de tentação, não é o mundo físico, criado por Deus, O Dicionário
da Bíblia, de Davis, diz que “a palavra mundo emprega-se frequentemente para
designar os seus habitantes”, como em Is
13.11 e J0 3.16. Povo, gente Nação.
O Dicionário Teológico (CPAD), referindo-se ao
mundo, diz que “No campo da teologia, porém, é o sistema que se opõe de forma
persistente e sistemática ao Reino de Deus”. João exorta a que não amemos “o
mundo, nem o que no mundo há”. “Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência
da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo”
(1 Jo 2.15,16). Tudo isso é fonte de tentação.
3. Da parte do Diabo. E a fonte
mais cruel da tentação. Seu caráter é sempre destrutivo.
a) Jesus
foi tentado. E a fonte mais terrível e avassaladora da
tentação. Dela, não escapou nem mesmo nosso Senhor Jesus Cristo. Após o batismo
em água, Ele foi conduzido “pelo Espírito para ser tentado pelo diabo” (Mt 4.1;
Mc 1.13; Lc 4.2). Foi o único que não caiu em pecado (Hb 4.15).
b) Homens
de Deus foram tentados. Homens de Deus, do porte de Abraão, Sansão,
Davi, e tantos outros, foram tentados pelo Adversário (Satanás) a fazerem o que
não era da vontade de Deus, com sérios prejuízos para suas vidas.
c) Os
homens comuns são tentados. Os homens são tentados a praticar toda
espécie de males, crimes, violência, estupros, brigas, ciúmes, guerras,
mentiras, calúnias, roubos, etc.
d) Os
crentes são tentados. Até os crentes em Jesus são vítimas da ação
do maligno, quando causam prejuízos à Igreja do Senhor, com escândalos,
calúnias, invejas, divisões, rebeliões, busca pelo poder, politicagem
religiosa, e tantas outras coisas ruins.
A Tentação não Vem de Deus (1.13)
As dificuldades da escolha moral trazem a “coroa da
vida” quando as enfrentamos com perseverança, mas elas também podem suscitar
perguntas na mente. Quando isso ocorre, passamos da área das provações para o
campo da tentação.
O PROCESSO DA TENTAÇÃO
A tentação se constitui num processo, que tem os
seguintes passos:
1. Atração
do desejo (v.14a). ”Mas cada um é tentado, quando atraído…” Primeiro, vem a atração
pelos sentidos: visão (1 Jo 2.16); audição (1 Co 15.33); olfato; gosto, e tato
(Pv 6.17).
2. Engodo (isca). A
pessoa é atraída, seduzida e “engodada pela própria concupiscência” (v.14b).
3.
Concepção do desejo (da concupiscência). Na mente, nos
pensamentos (cf. Mc 7.21-23), o desejo é concebido. Só se faz o que se pensa
(v.15a). Nesse ponto, ainda se pode evitar o pecado.
4. O pecado
é gerado. ”Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luzo pecado”
(v.15). Ainda na mente, já nasce o pecado. Alguém pode adulterar só na mente
(Mt 5.27,28).
5. A
consumação do pecado (v.15b). ”…e o pecado,
sendo consumado, gera a morte.” A morte, aqui, é espiritual. Nesse ponto, só há
solução se houver arrependimento, ainda, em vida. É importante entendermos esse
terrível processo, a fim de que nos resguardemos dele. Alguém já disse que
ninguém pode impedir que um pássaro voe sobre sua cabeça, mas pode impedi-lo de
fazer um ninho nela. Isso ilustra o processo da tentação. Esta, em si, não é
pecado. Pecado é praticar o que a tentação sugere.
O COMPORTAMENTO DO CRISTÃO FACE ÀS PROVAÇÕES
O apóstolo Tiago introduz a sua epístola,
estabelecendo o tipo de comportamento que o cristão deve ter face às tentações
da vida, bem como definindo os efeitos práticos das provações para a vida
cristã. De acordo com a sábia doutrina desse apóstolo do Senhor destacamos os
seguintes fatos:
1. O crente
deve encarar com gozo as tentações (Tg 1.2). De modo
enfático Tiago começa a sua epístola exortando a comunidade cristã para que
considere as provações como ocasião de regozijo. O imperativo tende
significa considerai ou entendei que assim é. A expressão grande gozo significa
nada menos do que alegria ou suprema alegria.
2. Através
das tentações o crente é provado na fé (Tg 1.3). Só
quando provada em meio às tentações e adversidades da vida é que a fé se
transforma em testemunho de fidelidade diante de Deus.
·
A fé provada obra a paciência (Tg 1.3). Muitos
crentes oram pedindo paciência, como se esta fosse uma virtude comunicada
direta e exclusivamente por Deus.
·
A paciência conduz o crente à perfeição (Tg
1.4). Provado e aprovado por Deus, Davi pôde testemunhar da sua capacidade
de esperar com paciência no Senhor, em meio às circunstâncias e adversidades da
vida (Sl 40.1-3). De acordo com o ensino de Paulo “a tribulação produz a
paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança” (Rm
5.3,4).
SABEDORIA FACE ÀS TENTAÇÕES E PROVAÇÕES
1.
Falta-nos, às vezes, sabedoria para agir (Tg 1.5). Quem,
em várias ocasiões, não se viu diante de situações embaraçosas das quais não
sabia como sair? Quem, nalgum momento, não se viu preso por correntes de
angústias, ou frente a frente com alguma tentação humanamente invencível? Todos
nós, sem dúvida. É nesta hora que descobrimos a inutilidade do tempo e das
horas que deixamos passar sem estreitarmos os laços que nos unem a Deus - a
fonte de toda a ciência.
2. Deus
está pronto a nos comunicar a Sua sabedoria (Tg 1.5). “Porque
o Senhor dá a sabedoria; da sua boca vem o conhecimento e o entendimento. Ele
reserva a verdadeira sabedoria para os retos; escudo é para os que caminham em
sinceridade” (Pv 2.6,7).
3. Deus
atende o apelo da fé (Tg 1.6). A vida de fé
é serena como uma piscina. Já “o que duvida é semelhante à onda do mar, que é
levada pelo vento e lançada de uma para outra parte” (Tg 1.6).A fé é a moeda do
cristão nas suas transações com o Céu; qualquer outra moeda é falsa e de nenhum
valor nos negócios do reino celestial.
4. Só o
crente sincero tem a Vitória assegurada (Tg 1.8). O
homem de coração vacilante, dividido entre viver por fé e viver pelo que vêem
os seus olhos, é inconstante, inseguro em todos os seus caminhos. Ele anda como
se estivesse andando sobre areia movediça ou sobre um colchão de água. O medo é
o seu aqui e agora, e a incerteza o seu horizonte e futuro. Enquanto isso, “os
que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas
permanece para sempre” (Sl 125.1).
SETE PASSOS PARA A VITÓRIA NA TENTAÇÃO
1. Saber
utilizar a Palavra de Deus. Nosso Senhor Jesus Cristo, quando foi
tentado, não deu chance ao Diabo para conversar muito com Ele. A cada
insinuação do maligno, ele usava a “espada do Espírito, que é a Palavra de
Deus” (Ef 6.1 7b), dizendo: “Está escrito…” (Mt 4.4b, 7a, 10h). Por isso, é
preciso ler a Bíblia, para usar a Palavra na hora certa.
2. Através
da oração. Jesus nos mandou orar sem cessar para não cairmos em tentação (Lc
22.40; 1 Ts 5.17). A maioria dos crentes, hoje, não ora. Certo pregador disse:
“O Diabo ri da nossa sabedoria, zomba das nossas pregações, mas treme diante de
nossas orações”.
3. Através
da vigilância. Jesus enfatizou a importância da vigilância
para não cairmos em tentação (cf. Mt 26.4 la).
4. Através
da disciplina pessoal. Falando sobre o “atleta cristão”, Paulo diz
que “aquele que luta, de tudo se abstém” (1 Co 9.25a).
5.
Resistindo ao Diabo. O inimigo sabe qual é o ponto fraco de cada
crente. Mas, com determinação e resistência, no Espírito, é possível ser
vitorioso (cf. 1 Pe 5.8,9; Tg 5.17). José, jovem hebreu, mesmo pagando terrível
preço, não se deixou vencer pelo pecado do adultério. Foi vencedor e exaltado
por Deus.
6. Buscando
a santificação. É preciso que o crente viva a separação
integral para Deus (Hb 12.14; 1 Pe 1.15).
7. Ocupando
a mente com as coisas espirituais. Isso se consegue
através da oração, jejum, estudo da Bíblia e leitura de bons livros; servindo,
evangelizando, louvando, participando da obra do Senhor, santificando a mente,
a vida e o corpo (ver 1 Ts 4.3-7).
CONCLUSÃO A tentação,
no seu sentido mais comum, é um processo terrível, da parte do homem, do mundo
e do Diabo, cuja finalidade é destruir a fé, a santidade, a comunhão com Deus,
levando o crente a pecar. Para vencer, é preciso fazer como Jesus, que usou a
“Espada do Espírito” - a Palavra. E preciso usar as armas que Deus colocou à
disposição de Seus servos. Em Cristo, “somos mais que vencedores” (Rm 8.37).
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