Texto base Mt. 27.1-10, Lc. 22.2-6
- Na manhã de sexta-feira os sacerdotes e os líderes
do povo se reuniram como sinédrio. A maioria deles tomou a decisão de condenar
Jesus à morte. V.1, Lucas 23. 50 – 51.
- Após ser humilhado moral e fisicamente, o Senhor
Jesus teve as mãos amarradas e foi entregue pelo sinédrio ao poder político
romano. v. 2.
- Após a condenação de Jesus à morte, Judas
Iscariotes entra em desespero e dominado por um forte sentimento de culpa busca
reparar o seu erro. Procura devolver aos líderes religiosos as trinta moedas de
prata. A devolução não é aceita. v. 3.
- Judas Iscariotes confessa à liderança religiosa
que traiu um inocente. É, porém, ignorado em sua atitude e responsabilizado
pelo que fez como se os líderes judeus não fossem seus parceiros. O seu orgulho
o impediu de confessar o pecado a Jesus que por certo o perdoaria, evitando um
mal maior. v. 4.
- Com o propósito de se livrar das moedas cujo peso
era infinitamente menor que o seu pecado, Judas Iscariotes tenta dar um fim
menos indigno a elas. Vai ao templo e ali atira as trinta moedas de prata. A
seguir decidiu punir a si cometendo suicídio. v. 5.
- Sacerdotes, hipocritamente, se recusam a depositar
no gazofilácio as trinta moedas de prata pelas quais lhes foi entregue Jesus.
v. 6.
- Sacerdotes decidem usar as trinta moedas de prata
para comprar uma área de terra que serviria como cemitério para
estrangeiros. v. 7.
- O campo do oleiro passa a chamar-se campo de
Sangue porque foi adquirido com o preço de sangue inocente. v. 8.
- Sacerdotes inconscientemente cumprem as
Escrituras. v. 9 – 10; Zacarias 11. 12 – 13.
VISÃO
GERAL Judas Iscariotes,
apóstolo de Jesus Cristo, viveu a experiência trágica daqueles que ao
abandonarem a Deus se deixam seduzir e são usados por Satanás.
É hábito do inimigo de
Deus fazer uso da fragilidade de caráter de sua possível vítima ou instrumento
em suas ações.
Jesus nos alerta a manter
em alta a vigilância e a comunhão com Deus para que o nosso caráter seja
fortalecido. Essa determinação nos protege contra as ciladas do inimigo. Ele é
perito na sedução e uma vez tendo êxito nessa fase, inclui sua vítima ou
instrumento em seu projeto satânico. Livre para agir elabora as estratégias, se
provê dos recursos, aproxima aqueles que o executarão, coopera com eles no
andamento do projeto até o desfecho. Assim que chega o momento de assumir as
consequências trágicas do projeto satânico, o inimigo se afasta e deixa suas
vítimas ou instrumentos sem qualquer apoio a fim de que sofram e colham os
frutos de sua insensatez. Ri-se delas e as responsabiliza por sua falta de bom
senso em ouvi-lo e segui-lo. Do Diabo jamais espere coisas boas. Ele é fiel ao
seu caráter. É de sua natureza roubar, matar e destruir. Jesus Cristo nos deu
esse alerta. João 10. 10a.
O Filho de Deus, sim,
veio para dar vida abundante no presente e no porvir. Essa vida é o resultado
do acolhimento de Jesus Cristo como Senhor e Salvador pessoal, único,
suficiente e eterno. A lei da semeadura e colheita está em vigor. João
10.10b; Gálatas 6. 7 - 8.
FOCALIZANDO
A VISÃO Dentre
os muitos seguidores de Jesus, Judas Iscariotes foi chamado para fazer parte do
grupo dos doze apóstolos. Ao chamá-lo, o Mestre já sabia do desfecho trágico
que teria a vida desse homem, mas deu-lhe todas as oportunidades para que se
tornasse uma pessoa de bem. Se Jesus antecipasse a Judas Iscariotes o seu
futuro, com certeza, receberia desse discípulo séria advertência e seria
acusado de pré-julgamento. Citamos como exemplo o caso do apóstolo Pedro. As
palavras de Jesus prevaleceram sobre as palavras de Pedro. Mateus 26. 31 – 35.
No presente eterno de
Deus todas as coisas estão patentes aos Seus olhos, mas ao homem cabe fazer as
descobertas na história para sua alegria ou decepção. A história é feita das
escolhas humanas antecipadamente conhecidas por Deus. Ele nos orienta através
das Escrituras e dos Seus servos, mas não toma a decisão por nós. Salmo 101. 7;
139. 16; Provérbios 15. 3; Hebreus 4. 13.
Dias após a multiplicação
de pães o Senhor Jesus se apresentou à multidão como o Pão da Vida, o
verdadeiro Pão (alimento) que desceu do céu, Alimentar-se Dele significa
apropriar-se do seu caráter humano, viver como Ele viveu, tornar-se um espírito
com Ele e por fim receber através Dele a vida que provém de Deus. João 3. 16;
5. 24; 6. 31 – 65; 1 Coríntios 6. 17; 1 Pedro 2. 21; 1 João 2. 6.
A liderança religiosa
judaica repudiou as declarações do Senhor Jesus e alguns dos Seus seguidores
ficaram envergonhados e incomodados com o que ouviram porque deram às palavras
um sentido literal. Jesus, porém, afirmou nesse discurso que Suas palavras são
espírito e vida, ou seja, têm um sentido espiritual. João 6. 63. A dificuldade
em entender o significado espiritual das palavras de Jesus fez com que alguns
discípulos decidissem não mais acompanhá-Lo. Assim que estes saíram, Jesus se
dirigiu aos doze apóstolos e os desafiou a abandoná-Lo se assim desejassem.
Jesus Cristo não sacrificaria o anúncio do Evangelho para atender a interesses
particulares ou a dogmas religiosos. O apóstolo Pedro prontamente declarou: “Senhor,
para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que
és o Santo de Deus”. Jesus respondeu a Pedro: “Não fui eu que os
escolhi, os Doze? Todavia, um de vocês é um diabo”. João 6. 68 – 70. (NVI).
Essa afirmação de Jesus é a prova de que Ele estava acompanhando as atitudes de
Judas Iscariotes ao longo do Seu ministério e sabia das vezes em que esse
discípulo havia dado lugar ao Diabo em sua vida. A paciência divina se
manifestou várias vezes na vida de Judas Iscariotes dando-lhe as oportunidades
para que se arrependesse e seguisse pelo caminho da retidão. A prática habitual
do pecado gerou nele a iniqüidade que o insensibilizou para ouvir e obedecer
aos ensinos de Jesus. Essa conduta determinada agravou sua situação perante
Deus que não deixa impune quem desafia Sua autoridade e preceitos. Chegaria o
tempo quando colheria os frutos de sua semeadura. É impossível
desvincular a semeadura da colheita. Gálatas 6. 7 – 8.
O que Judas Iscariotes
tentou habilidosamente ocultar durante o ministério do Senhor Jesus foi
revelado claramente na última semana ministerial. Nele se cumpriram as palavras
de Jesus. Leia Lucas 12. 2 – 3.
Na casa de Simão, o
ex-leproso, seis dias antes da Páscoa, Judas Iscariotes manifestou seu ódio,
ambição e inveja. A homenagem que Maria, a irmã de Lázaro e Marta, prestou ao
seu Mestre recebeu duras críticas desse apóstolo. Ele se sentiu incomodado com
à demonstração pública de amor por parte daquela que ofereceu a Jesus o que de
mais precioso estava em seu poder. O amor de Maria contrastou com o desamor de
Judas Iscariotes por Jesus. Ele considerou desnecessária tal homenagem. João
12. 1.
Durante o Seu ministério
o Senhor Jesus amou Seus discípulos até o fim, mas não houve por parte deles a
mutualidade de amor vista em Maria. Afinal, o Mestre era tão humano quanto
eles!
Repetimos: as Escrituras
não criam vítimas ou algozes, mas revelam antecipadamente o seu surgimento na
história como resultado de suas escolhas.
Jesus Cristo decidiu
fazer a Vontade do Pai. Por amor àqueles que Nele crêem como Senhor e Salvador
morreu substitutivamente por eles. Ao vencer a morte pela ressurreição garantiu
aos salvos a mesma vitória sobre a morte e a vida eterna com Deus.
Judas Iscariotes, em todo
o tempo, contou com o investimento pessoal de Jesus em sua vida, No entanto, O
desprezou. Repetiu o que haviam feito Adão e Eva que preferiram ouvir o
até então desconhecido Diabo ao invés de ouvirem a Deus, a quem conheciam por
Sua voz e bondade. A exemplo do primeiro casal o fim de Judas Iscariotes não
poderia ser melhor do que teve. Esse apóstolo ouviu e viu o que seus
companheiros de ministério viram e ouviram. Infelizmente não permitiu que o seu
caráter fosse transformado pelo anúncio e ensino do Evangelho. Seguiu a Jesus
com a motivação errada.
Há muito tempo levava uma
vida ministerial dupla, isto é, hipócrita. O apóstolo João declara que Judas
Iscariotes era ladrão. Tirava da bolsa comum as ofertas recebidas cujo destino
era a provisão de recursos para o ministério ou ajuda aos necessitados. O cargo
que exercia como tesoureiro no colégio apóstólico foi a oportunidade que o
Senhor lhe havia dado para corrigir a sua ambição por bens materiais. Era
necessário que aprendesse as lições de fidelidade e submissão ao Mestre. Sem
oportunidade não há aprendizagem.
Jesus procurou manter com
Judas Iscariotes uma relação de confiança, mas infelizmente ele não honrou esse
relacionamento.
A resistência do apóstolo
em seguir verdadeiramente a Jesus deu início à sua queda.
Toda decadência tem como
ponto de partida o afastamento de Deus e a desobediência às Escrituras. Uma vez
iniciado esse caminho, o temor, a reverência e o respeito a Deus entram em
queda. E quem não ouve a Deus e nem O respeita, transfere esse comportamento a
si e àqueles que o cercam. A ruína só pode ser detida por Deus quando o
“quedante”, isto é, o que cai, se arrepende dos seus pecados, pede perdão,
repõe os ganhos indevidos e retorna à sua caminhada com Deus. Zaqueu será
sempre citado como exemplo de homem que trocou a insensatez pelo bom senso porque
acolheu Jesus como Senhor e Salvador.
Na celebração da ceia da
Antiga Aliança, no cenáculo, por ocasião da Páscoa e um dia antes da
crucificação de Jesus, Judas Iscariotes estava presente, menos na condição de
apóstolo e mais como espião da liderança religiosa judaica. Nesse jantar a
hipocrisia de Judas Iscariotes chegou ao ponto culminante. Ele dividia o mesmo
prato com Jesus. Antes da instituição da Ceia da Nova Aliança, o Senhor Jesus
disse que um dos presentes o trairia. Na medida em que os apóstolos perguntavam
a Jesus quem seria o traidor, não foi nem preciso que Judas Iscariotes fosse
descoberto. Ele se denunciou. A partir daquele momento não havia ambiente para
que ali permanecesse. Deixou o local e se dirigiu à liderança religiosa judaica.
Relatou aos religiosos o que viu e ouviu no período em que permaneceu no jantar
com Jesus e os apóstolos. A seguir participou da mobilização para prender Jesus
no Jardim das Oliveiras. Ao chegar ao local naquela noite, facilitou a
identificação de Jesus, beijando-o. Acompanhou o grupo de homens até à casa de
Caifás. Cumpriu o que havia combinado e recebeu como recompensa as trinta
moedas de prata. Ao ver a tortura moral e física sofrida por Jesus na casa do
sumo sacerdote Caifás e tomar conhecimento da condenação de Jesus à morte pelo
sinédrio e o seu encaminhamento a Pilatos para ser crucificado, Judas
Iscariotes caiu em si e viu que havia sido demasiadamente desamoroso e injusto
com Jesus. Começou a avaliar sua conduta nos três anos de ministério com Jesus
e os acontecimentos recentes. O sentimento de culpa se misturou a sua aflição e
o desespero tomou conta de suas emoções. Tentou reverter uma situação que já
estava definida e fora do seu controle. Foi ao templo e disse aos religiosos
que havia traído sangue inocente e estava devolvendo as trinta moedas. O peso
das moedas era infinitamente menor que os seus pecados e ele não os podia
suportá-los. Sua ausência de humildade o impediu de procurar o Senhor Jesus
e buscar o perdão que por certo lhe seria concedido. Os líderes
religiosos que haviam se servido de Judas Iscariotes lhe disseram: “Que nos
importa? A responsabilidade é sua”. Essa é a palavra que o Diabo tem
para quem cede a sua sedução e se rebela contra Deus e Sua Palavra.
Sem qualquer apoio e entregue
a si mesmo, Judas Iscariotes deixou o templo e as moedas que se espalharam pelo
local e foi se enforcar. Ao cometer suicídio afrontou mais uma vez a Deus, o
Doador da vida e o único que a pode retirá-la de Suas criaturas no tempo que
determinar. Judas Iscariotes cumpriu inconscientemente o que as Escrituras já
haviam falado sobre ele. Salmo 41. 9; 55. 12 – 14.
Os líderes religiosos
judaicos juntaram as trinta moedas de prata que foram espalhadas no templo,
preço que pagaram a fim de que Judas fosse o mediador na prisão de Jesus.
Procuraram aplicá-las em algo que fosse útil. Compraram uma área de terra e a
destinaram ao sepultamento de estrangeiros. Esse local se chamou campo de
Sangue.
A queda de Judas
Iscariotes antecipou a queda do sistema religioso judaico na forma existente na
época. No ano 70 d.C. os romanos foram implacáveis na destruição de Jerusalém,
do templo e na dispersão do povo judeu pelo mundo. Deus é amorosamente justo e
judicialmente amoroso. Israel tem experimentado ao longo de sua história essa
ação divina. Há salvação para todos que crêem em Jesus Cristo como Senhor e
Salvador, sejam judeus ou não judeus.
Dc. Rinaldo Santana