Introdução: Classificado como Salmo Messiânico, o salmo vinte e
quatro tem sido visto como litúrgico, pois
celebra a entrada no santuário. Crê-se que no contexto da liturgia dos cultos
dos Hebreus, esse seja um dos salmos que fosse entoado por um coro postado nos
portões do Templo.
O Salmo faz parte de um grupo de 11
salmos que eram usados nos cultos dos Hebreus: 24, 50, 68, 81, 82, 95, 108,
115, 121, 132 e 134.
Na maioria dos salmos de
David, o salmo inicia-se com o título Mizmor LeDavid, ou “Cântico de David”. Em raras exceções, como o Sl.101 e o 24, por exemplo, o
início do salmo é LeDavid Mizmor,
ou “De David, um Cântico”. Há uma diferença entre “Cântico de Davi” e “De Davi, um Cântico”. O
significado é bem profundo.
Segundo os sábios do
judaísmo, Davi cantava e tocava, com o intuito de elevar-se e obter
inspiração, a partir disso, ele compunha maravilhosos louvores, estes são
conhecidos no mundo todo e esses salmos foram intitulados “Cântico de Davi”.
Mas, às vezes, Davi, através do isolamento e da meditação, atingia certo grau
de inspiração. Dessa inspiração compunha mesmo sem cantar. Estes
cânticos traziam o título “De David, um Cântico”, pois a inspiração veio à
Davi antes da música.
Todos os salmos são
belíssimos, e é interessante saber mais sobre a forma como que eles foram
compostos, isso ajuda a compreender melhor o real significado do Salmo e a
mensagem nele contido e nos aproxima mais do autor/compositor, dando um clima
intimista ao estudo à execução deste louvor.
O Salmo 24 foi composto por Davi assim que o
terreno para o Templo Sagrado foi comprado, e ele levantou um altar para
oferecer sacrifícios de agradecimentos, como podemos ler em II Samuel 24:18-25.
Este Salmo faz parte dos Cânticos Diários: é o cântico para ser cantado
no primeiro dia da semana, o domingo.
Três partes dividem o
Salmo 24: a primeira fala da obra da Criação e reforça que tudo pertence a Ele;
a segunda nos mostra os requisitos para estar diante do altar de Deus; a
terceira exalta a Grandeza do Sagrado diante do Templo. Assim encontramos no
salmo 24 três motivos para louvar a Deus:
1º Motivo: Tudo pertence a Deus v.1
a)
Do SENHOR é a terra e a
sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.
b)
Porque ele a fundou sobre
os mares, e a firmou sobre os rios. Davi fala que toda a
Criação pertence ao Criador
c)
O salmista é enfático ao declarar: "Do Senhor é
a terra e a sua plenitude...!" v. 1.
d)
O motivo é evidente: tudo pertence ao Senhor porque
tudo foi criado por Ele, e por Ele tudo subsiste! v. 2.
e)
"Todas
as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se
fez" Jo 1:3.
2° Motivo: Só os servos de Cristo subirá ao monte
do SENHOR V.3
a)
Este Salmo complementa a ideia do Salmo 15 ao
demonstrar quem pode estar no santo lugar de Deus. Porém, o Salmo 24 demonstra
que as mesmas qualidades anunciadas pertencem aos filhos de Deus.
b)
As perguntas do verso 3 são as mesmas que abrem o
Salmo 15: "Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar
santo?" v. 3.
c)
“As
características daquele que subirá ao monte que pertence ao Senhor, e que se
assentará no lugar que lhe é próprio, vem no verso seguinte: Aquele que é limpo
de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura
enganosamente" v. 4.
d)
Todos os homens nasceram de Adão, e, portanto, nenhum
deles nasceu puro de coração, pois em iniquidade foram formados e em pecado
foram concebidos Sl 51:5.
e)
Não há dentre os nascidos de mulher alguém que seja
justo e puro de coração, pois todos se desviaram e tornaram-se culpáveis e
imundos diante de Deus Rm 3:9- 18.
f)
Quando o salmista especifica que Cristo receberá de
Deus a 'bênção' e a 'justiça', isto demonstra que tais bênçãos são
concedidas somente por direito. A retidão e integridade de Cristo concedeu-lhe
o direito de receber bênçãos e delicias perpetuamente à direita do Pai Sl 16:11.
g)
Deste ponto em diante o salmista passa a descrever
os co-herdeiros com Cristo". Até o verso 5 o salmista profetizou acerca de
Cristo, e no verso 6 ele profetizou acerca dos filhos de Deus gerados em
Cristo. Ele demonstra sua fé, dizendo a Deus que aquela geração seria a
geração que teria tais condições. E a nossa geração, como está?
h)
"Tal é a geração daqueles que o buscam..."
v. 6. Da mesma forma que Jesus declarou ser limpo de mãos e puro de coração, os
que creem em Cristo conforme a Escritura também são limpos de mãos e puros de
coração.
i)
Da mesma forma que Cristo é, são os cristãos aqui
neste mundo: "Nisto é perfeito o amor para conosco, para que no dia do
juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos nós também neste
mundo" I Jo 4: 17. “O apóstolo João ao escrever este versículo tinha em
mente o que Davi profetizou acerca da nova geração e da nova condição que
teriam aqueles que cressem em Cristo, o Deus de toda a terra v. 1”.
j)
A geração dos que buscam a Deus através de Cristo
são qual Cristo é! Estes são nascidos da água e do Espírito, e portanto, são
filhos de Deus Jo 3: 5. Deus é luz, e os que são nascidos de Deus são luz Ef 5:
8.
k)
Da mesma forma que Cristo andou entre os homens com
um coração humilde e manso, os que aprenderam dele também são mansos e humildes
no intimo: "Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas" Mt 11:
29.
l)
Todos quantos buscam a face do Deus de Jacó, que
Cristo manifestou aos homens Jo 1: 18, são geração do Senhor, filhos do
Altíssimo I Jo 3:1-2; Gl 3:26. Nasceram da semente incorruptível, que é a
palavra de Deus, e são novas criaturas em Cristo Jesus II Co 5: 17.
3° Motivo: Cristo é o Rei da Glória V.8
a)
Observemos o que diz os seguintes versos: "Seu marido é conhecido nas portas, e
assenta-se entre os anciãos da terra" Pv 31: 23.
b)
"Quando eu saía para a porta da cidade, e
na rua fazia preparar a minha cadeira..." Jó 29:7. Quando
o Salmista clama: "Levantai, ó portas as vossas cabeças..."v. 7,
ele profetizou acerca dos poderosos (príncipes, juízes, magistrados, anciões,
nobres) que exercem domínio e juízo entre os homens.
c)
Quando os homens, na época de Jó, viam-no
aproximar-se da "porta" da cidade, ou seja, do lugar
próprio aos que exerciam a liderança na antiguidade, eles de pronto preparavam
a cadeira (lugar) para Jó se assentar. Os jovens deixavam o recinto, os
príncipes nada diziam e os velhos colocavam-se e permaneciam em pé em
sinal de reverência Jó 29:7-10.
d)
O rei Lemuel deixou registrado que a mulher, quando
cheia de virtudes, faz com que o seu marido assuma posição de destaque às
portas da cidade, assentando-se entre os anciões da terra Pv 31:23. Ou
seja, o 'assentar-se' à porta em Provérbios 31:23 é o mesmo que a 'cadeira
preparada' no livro de Jó 29:7.
e)
O lugar onde os magistrados, príncipes, sábios, se
reuniam na antiguidade era denominado de "portas". As
portas eram vetadas as pessoas comuns do povo. Somente os que exerciam
influência na sociedade é que poderiam ter acesso ao local denominado
"portas".
f)
Assim, o verso 7 do Salmo 24 refere-se ao
domínio eterno de Cristo,quando na segunda vinda, como filho de Davi, Rei
e Senhor de toda a terra. De igual modo, ele já se assentou na condição de
Senhor nos céus.
g)
"Levantar" é sinal de reverência e
admiração, ou seja, quando o salmista profetiza: "Levantai, ó portas,
...", ele diz para que os que exercem domínio levantem-se em
reverência àquele que subiu ao monte do Senhor e que se assentará para
reinar no seu Santo monte! É um ato semelhante ao recomendado por Davi:
"beijai o Filho" Sl 2:12.
h)
Enquanto que 'beijar o Filho' é um reconhecimento
da divindade de Cristo, 'levantai' refere-se ao ato reverente dos que
exercem domínio quando Cristo se assentar para reger com vara de ferro as
nações Salmo 2: 9. É o mesmo que dizer: Levantem-se e reverenciem o Rei da
Glória, pois ele entrou e se assentou entre as nações para exercem o domínio.
i)
Além de Jesus exercer o domínio entre os homens, Ele
exercerá o domínio sobre os principados e as potestades celestiais Ef 3:10, e
por isso o Salmo diz: "... levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o
Rei da Glória" v. 7.
j)
As "entradas eternas" (portas) diz
de um reino que não é deste mundo onde Cristo exercerá domínio para sempre. "As
portas" diz do governo humano, e os "portais eternos" do governo
celestial. Cristo é poderoso em batalhas (forte e poderoso) e Ele mesmo
conquistará os reinos e o domínio sobre toda a terra com mão poderosa. Ele se
assentará para dominar a todos os povos "Quem é esse Rei da Glória? O Senhor
forte e poderoso, o Senhor poderoso na guerra" v. 8.
k)
O rei da Glória é o mesmo que está
entronizado entre os serafins, pois Ele
é o Senhor dos Exércitos v. 1.
Conclusão: Os versos 1 e 2
demonstram a quem pertence a terra e porque pertence a Ele o domínio "Do
Senhor é a terra, pois ele a fundou..." vs. 1 e 2. A terra pertence
ao Senhor porque Ele a estabeleceu.
As primeiras perguntas
indaga sobre quem se assentará no santo lugar, o monte santo do Senhor v. 3, e
completa-se com o segundo ciclo de perguntas: "Quem é o rei da
glória?" v. 8.
O rei da glória que
entrará e assentará diante dos que O reverenciam (cabeças) levantando-se, é
Cristo Jesus, o Senhor. Ele é o Senhor de toda a terra v. 1, Aquele que é limpo
de mãos e puro de coração v. 4, o Rei da Glória v. 8!
Portanto louvemos sempre
a esse Rei da Glória, pois “fica-lhe bem o cântico de louvor” Sl. 147.1. Engrandeçamos
o nome de Adonai Tzevaot,
o Eterno dos Exércitos, pois Ele é o Rei da Glória!
PB.RINALDO SANTANA