quarta-feira, 23 de abril de 2008

O PASTOR É DA IGREJA, E NÃO A IGREJA DO PASTOR

O pastor é um homem público, homem público é aquele que lida com uma sociedade, particularmente a comunidade religiosa local, regional ou quiçá a nacional, isto vai depender do seu campo de atuação pastoral.
Mas o que é a opinião pública da comunidade local?
Opinião pública local é o que geralmente se atribui à opinião geral de uma igreja local. Quando se diz, por exemplo: "A opinião pública da igreja local está pressionando o pastor", significa dizer que um conjunto de pessoas que compartilham propósitos, preocupações e costumes, idéias e que interagem entre si constituindo uma comunidade, a igreja, expressa uma posição de pressão ao pastor e ao seu ministério. Neste caso podemos afirmar que o pastor também vive em função da opinião que as suas ovelhas estão pronunciando entre si a seu respeito.
É comum ouvirmos afirmações sobre pastores de outras comunidades, e geralmente estas opiniões não entristece tanto, mas quando nós somos os alvos destas opiniões, as nossas emoções tomam rumos diversos.
Pode ser mera coincidência. Mas pode não ser. Tomando as últimas pesquisas de opinião, não há nada de surpreendente quando a Igreja caminha e pensa como pensa a nação. Quando uma instituição faz um pronunciamento com relação ao governo da sua rejeitabilidade ou não, o mesmo acontece na Igreja, com as mesmas características e os mesmos princípios.
A pesquisa de opinião divide a comunidade local, fazendo acepções de pessoas, isto é, os pastores são avaliados pelas perspectivas meramente humanas, principalmente relacionais, e dificilmente são evidenciado as qualidades de um servo de Deus, aquelas que estão elencadas em Timóteo e Tito. Não se dá credibilidade as horas de estudos do pastor, ah! para alguns isto é perda de tempo, comodidade. Oração, este também não tem sido levado em consideração, púlpito, nem se fala.
Todos aqueles que tem lutado para mudar a política eclesiástica e preservar o pastor das críticas acabam se desiludindo com a igreja e afastando dela. Do contrário, a política eclesiástica só pode mudar com um impeachment do pastor ou do conselho. Como nenhuma dessas coisas estão na nossa perspectiva, temos de apostar na possibilidade do pastor mudar é mais fácil do que o conselho mudar. Por isso, alguns preservam a sua vida e o seu ministério.
A opinião publica da igreja faz do pastor uma vítima, julga-o e condena-o. “Lamentável que com todas as lições da história, a "opinião pública" a igreja continue a acusar, julgar e condenar seus guias que a lei presume inocentes. Continuam a ganhar foros de justiça, essa manifestação irracional dos sentimentos de ocasião. A "opinião pública" permanece substituindo as leis e aos nossos concílios. É preciso levantar entre o culpado e os ardores da "opinião pública" uma barreira. Barreira que se identifica com a figura do bom crítico.”[1]
A opinião pública religiosa, levou Jesus à Cruz, e hoje ela tem destruido muitos pastores e ministérios abençoados. Porém quando Jesus teve a oportunidade de expressar a sua opinião pública, rejeitou-a.
Quando foi apresentado a Jesus “a mulher adúltera”, os acusadores eram os conhecedores da legislação, que queriam a condenação para cumprimento da Lei inflexível.”[2] Eram politicamente corretos. “Todavia, quando questionados sobre sua própria "ética" (não especificamente sobre a prática de adultério, mas sobre o cometimento de imoralidades em geral - "quem estiver sem pecado"), sentiram-se sem condições de insistir na acusação.”[3]
Devemos entender que a Igreja está acima da opinião pública, contribuindo para a estruturação de uma visão coletiva e comunitária.
A autenticidade da igreja não é movida pela opinião pública mas pela obediência e pela fé. Quanto mais vasto é o número dos crentes que aceitam a Igreja como comunidade unida, mais espontânea é a sua visão comunitária da verdade, inspiradora de comportamentos fazedores da história.
O enfraquecimento desta dimensão institucional da verdade, dá prioridade à pluralidade das diversas visões, ás correntes de pensamento, às modas de opinião. A “opinião pública” dilui-se, só captável por somatórios estatísticos de maneiras individuais de pensar, o que favorece o surgir de novas formas de dogmatismos de elites ideológicas ou outras, que têm tendência a impor as “verdades oficiais”, incapazes de integrar num dinamismo comunitário a vivência pessoal da verdade. Quando a Igreja deixa de ser a comunidade da verdade, sal e luz, o seu ministério é reduzido ao nível da opinião, perdendo a sua força inspiradora da evangelização e motivadora dos processos históricos.
Este é um fenômeno preocupante na mutação atual das igrejas locais. Dilui-se, progressivamente, a importância de um quadro culturalmente evangelístico, necessariamente plural, como força unificadora da história, o que origina o pragmatismo eficaz como objetivo e principal expressão. Nunca a igreja teve-se tão consciente de um direito fundamental da pessoa humana, a liberdade de pensamento e de opinião, mas perde-se, progressivamente, a perspectiva de pensar em comunidade, pois em nenhuma dimensão essencial do ser humano o individualismo pode ser a regra. Mas a multiplicidade das formas de pensar influencia muito relativamente a conduta religiosa, pois dificilmente traz crescimento e não há igreja sem crescimento.
A minha maior preocupação fixa-se na necessidade de mudança da visão eclesiástica na qual impulsiona a agradar os homens e desagradar à Deus. Acima de todas as coisas, um pastor de consciencia limpa não deve se dobrar aos caprichos humanos, mas amar a igreja até o fim.

Fonte
Ashbell Simonton Rédua
O Pastor e a igreja local

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