NTRODUÇÃO Estamos iniciando mais um trimestre na Escola Bíblica Dominical, e
desta feita, estudaremos a Epístola de Paulo aos Filipenses.
Esta carta é
uma declaração de amor e gratidão do apostolo:
A.
Pelo o amor
e o zelo dos crentes Filipenses para com os obreiros;
B.
O
comportamento dos Cristãos diante das hostilidades e perseguições.
1. PAULO E A CIDADE DE FILIPOS Felipos era
a capital da província romana, foi fundada por Felipe, pai de Alexandre Magno,
em 358 A.C . A cidade possuía minas
de ouro e prata. A meta de
Paulo era inicialmente adentrar a província romana da Ásia por ocasião da sua
Segunda Viagem Missionária, mas não obteve êxito. Por isso, tomou a direção do
norte, para a Antioquia da Pisídia, atravessando a cordilheira montanhosa do
Sultão Dagh, e prosseguindo para o norte, aonde chega aos limites da Bitínia,
uma província senatorial a noroeste da Ásia (At. 16.6). Mas ao tentar entrar na
Bitínia, pela estrada do norte, para a Nicomédia, Paulo foi impedido novamente
(At. 16.7), voltando-se para oeste. Em seguida desceu para a costa de Trôade,
onde recebeu uma visão, a qual o desafiou: “Passa à Macedônia e ajuda-nos” (At.
16.9). Em companhia de Lucas, viajou imediatamente para Samotrácia, chegando a
Filipos. De acordo com o relato de At. 16.12, essa cidade era da Macedônia,
“primeira do distrito, e colônia”. A relevância dessa cidade remete ao Sec. IV
a. C., quando Filipe II, da Macedônia, tomou-a dos tracianos. Por isso ela
recebeu esse nome, em sua própria homenagem. Em 42 a. C., essa cidade foi
cenário da batalha entre as forças republicanas de Brutos e Cassius e as
imperiais de Otávio e Antonio. Por volta de 52 d. C., Paulo, acompanhado por
Silas e Timóteo, chega à cidade de Filipos, durante sua Segunda Viagem Missionária
(At. 15.40; 16.1-3). O grupo apostólico se encontra com Lídia, de Tiatira, uma
comerciante que negociava púrpura (At. 16.14), que se converte a Cristo,
levando o primeiro grupo de cristãos de Filipos a congregar-se em sua casa (At.
16.15). O contexto religioso daquela cidade era de sincretismo, o panteão grego
de deuses congregava uma série de divindades, tanto de origem grega quanto
romana. A deusa Artemis era adorada, sob o nome de Bendis, Marte também era
adorado, como deus tanto da agricultura quanto da guerra. Esse sincretismo
religioso pode ser atestado em At. 16.16, em que uma jovem escrava era usada
por um espírito de adivinhação. Paulo e Silas, após expulsarem aquele espírito
da jovem, são presos por causarem prejuízo, sendo posteriormente libertos,
tendo a oportunidade de plantar uma igreja naquela cidade (At. 16.16-40). Paulo
teve a oportunidade de visitar a igreja de Filipos durante sua Terceira Viagem
Missionária (At. 20.3-6).
2. DATAÇÃO, PROPÓSITO E ESTRUTURA A Epístola de Paulo aos Filipenses
está categorizada entre as Cartas da Prisão, as outras seriam Colossenses,
Efésios e Filemon. A data provável de escrita é entre 60 a 63 d. C., em Roma,
local no qual o Apóstolo estava em prisão domiciliar (At. 28.30,31). O objetivo
do Apóstolo, nessa epístola, é agradecer uma oferta generosa que lhe fora
enviada pelos filipenses, cujo portador foi Epafrodito (Fp. 4.14-19); e também
para fortalecer a fé deles, mostrando que a verdadeira alegria é Jesus Cristo.
A expressão-chave da Epístola aos Filipenses se encontra em Fp. 4.4:
“Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos!”. O conceito
de alegria, chara em grego, aparece 16 vezes em quatro capítulos. É maravilhoso
observar que o Apóstolo, mesmo se encontrando em situação adversa, em pobreza
extrema, não perdeu a alegria, que é um dos aspectos do fruto do Espírito (Gl.
5.22). Isso porque, conforme atestaremos mais adiante, ele aprendeu a viver
contente (Fp. 4.11,12), a encontrar a verdadeira alegria ao focar sua atenção
no conhecimento de Cristo (Fp. 3.8), e a obedecer-LHE incondicionalmente (Fp.
3.12,13). O conteúdo da Epístola pode ser assim sumarizado: 1) alegria apesar
das vicissitudes da vida (Fp. 1.4,12; 2.17); 2) humildade e serviço como
característica do verdadeiro cristão (Fp. 2.1-6); e 3) o valor inestimável de
conhecer as profundezas de Cristo, a fonte da alegria (Fp. 3.1-21). Essa
Epístola é altamente cristocêntrica, mostrando a comunhão do Apóstolo com
Cristo (Fp. 1.21). Existem várias propostas de estrutura, a seguir destacamos
uma delas: Introdução (1.1-11) – Saudações e Ações de Graça; As circunstâncias
em que Paulo se encontrava (1.12-26) – O avanço do evangelho por causa da
prisão de Paulo; a Proclamação de Cristo de todas as maneiras; A disposição de
Paulo para viver ou morrer; Assuntos de Interesse da Igreja (1.27-4.9) –
Exortação de Paulo aos Filipenses – perseverança, unidade, humildade, serviço e
obediência; Os mensageiros de Paulo à Igreja – Timóteo e Epafrodito;
Advertência de Paulo a respeito de falsos ensinamentos – a falsa e a verdadeira
circuncisão – a mentalidade terrena diante da espiritual; Conselhos finais de
Paulo – firmeza, harmonia, alegria, equidade, liberdade da ansiedade, controla
da mente; Conclusão (4.10-23) – Reconhecimento e gratidão pela oferta;
saudações e benção final.
3. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Paulo, juntamente com Timóteo, servos de Jesus Cristo, dirigem
essa Epístola aos “santos em Cristo que estão em Filipos”, esse adjetivo
“santo” diz respeito àqueles que creem em Cristo (Fp. 1.1). Isso porque esses
filipenses, tal como os coríntios, foram santificados em Cristo Jesus, que
também os chamou para a santificação (Rm. 1.6,7; I Co. 1.12). A expressão “em
Cristo” é relevante nas epístolas paulinas, pois revela que a salvação vem
dessa condição. Por causa dela, podemos desfrutas da “graça e paz”, do favor
imerecido de Deus (Ef. 1.7), e da paz com Deus, podendo, agora, nos aproximar
dEle (Rm. 5.1; Cl.1.20). Em Fp. 1.3-7, Paulo agradece a Deus e intercede pelos
filipenses, reconhecendo que o Senhor começou uma boa obra na vida deles, e que
a completará. O verbo começar, em grego, é enarchomai, que dá ideia de
inaugurar. Ele levará adiante o que começou, não desistirá, pois o verbo, no
original, revela intensificação. Isso quer dizer que Deus, em cada detalhe das
nossas vidas, está trabalhando para construir nosso caráter. Sua meta é nos
conduzir até aquele dia, no qual Cristo aparecerá, para arrebatar a Sua igreja
(I Ts. 4.13-17; II Ts. 1.10). Enquanto isso, o Apóstolo revela sua preocupação
com a expansão do evangelho, do qual os filipenses são também participantes,
sendo nele também perseverantes. Essa é uma verdade que Paulo destacará nessa
Epístola, que a fé deve nos levar a seguir adiante, apesar das circunstâncias.
Essa fé, fundamentada no genuíno amor cristão, deve ser abundante. O alicerce
da fé que gera crescimento é o amor, que deve está atrelado ao conhecimento e
discernimento, com vistas à sinceridade. Existem muitas versões de
cristianismos e evangelhos atualmente. Mas essas não apresentam “frutos de
justiça”, e o pior, não são “para glória e louvor de Deus” (Fp. 1.11). A marca
da verdadeira fé, e que conduz ao crescimento, é o amor, que deve abundar
sempre mais. Todas as versões de cristianismos devem ser avaliadas com base
nesse critério, pois é o amor que mostra nossa nova natureza em Cristo (II Co.
5,17), e que somos participantes da natureza divina (II Pe. 1.3,4).
CONCLUSÃO A Epístola de Paulo aos Filipenses, a ser estudada ao longo deste
trimestre, terá como foco a revelação da pessoa de Cristo. Na medida em que
temos consciência que estamos nEle, poderemos crescer em amor cada vez mais,
mostrando que somos participantes do Seu evangelho. Nesses dias difíceis, nos
quais outros evangelhos têm sido pregados, que sejamos despertados por essa
mensagem para uma vida de humildade, sobretudo de alegria, independentemente
das circunstâncias.